
Risco de recidiva até nove meses após cirurgia do LCA
O regresso a desportos com elevada exigência para o joelho menos de 9 meses após reconstrução do ligamento cruzado anterior (rLCA) mostrou estar associado a um risco de recidiva 6.7 vezes maior. Não se verificou nenhuma associação com a simetria de função muscular ou força do quadricípite. É portanto recomendado que atletas jovens adiem o regresso a desportos com elevada exigência para o joelho até pelo menos 9 meses após rLCA. Estes foram os resultados de um grupo de pesquisa sueco que investigou a associação entre o tempo de regresso à prática desportiva após reconstrução do LCA e ocorrência de recidiva, função muscular e força em atletas jovens.
Cerca de 25% de atletas jovens sofrem lesões recidivantes do ACL após uma primeira reconstrução. A validade de testes de regresso à prática desportiva e a sua capacidade de identificar sujeitos com maior risco continua a ser debatida. Adicionalmente, o efeito protetivo de atrasar o regresso à prática desportiva e atingir níveis simétricos de força e função muscular permanece pouco claro.
Um total de 159 atletas (21.5 ± 4.4 anos; 64% femininos) que participavam em desportos de elevada exigência para o joelho antes da lesão do LCA e que foram submetidos a uma primeira rLCA foram incluídos neste estudo prospetivo. O tempo de regresso à prática desportiva foi atingido quando os atletas chegaram ao nível 6 na Tegner Activity Scale. A simetria da função muscular foi obtida através de testes isocinéticos e isométricos, salto unipodal, salto em comprimento e salto lateral.
Dezoito atletas (11%) sofreram uma recidiva durante o período do estudo. Esta percentagem foi de 30% (10/33) em atletas que regressaram à prática desportiva antes de 9 meses após a rLCA. As limitações do estudo incluem não ter sido utilizada ressonância magnética para confirmar as lesões em todos os atletas, não serem recolhidas medidas de exposição, a baixa taxa de resposta e o período de seguimento ser relativamente curto (15.5 meses).
Expert opinion
Este estudo realça a importância de permitir tempo de remodelação suficiente após rLCA, mesmo quando se atinge simetria de função muscular. Este último parâmetro pode portanto não ser um indicador tão fiável da segurança de regressar à prática desportiva como se pensa.
Contudo, é comum ver atletas de elite da mesma faixa etária regressar à prática desportiva antes deste intervalo de tempo. Apesar de a amostra deste estudo ser constituída por atletas de diferentes níveis competitivos, tendo em conta a magnitude do aumento do risco de recidiva, os resultados devem ser interpretados como um sinal de alerta em relação à prática comum de decisão de regresso à prática desportiva.
> A partir da: Beischer, J Orthop Sports Phys Ther 50 (2020) 83-90. Todos os direitos reservados a: Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy. Clique aqui para ver o resumo. Traduzido por José Pedro Correia.
