
Modalidades de exercício para o tratamento da dor lombar?
Esta revisão concluiu que Pilates, exercícios de estabilização/controlo motor, treino resistido e exercício aeróbico são os mais eficazes em adultos com dor lombar crónica não-específica (DLCNE) em todas as medidas de desempenho analisadas.
Contudo, esta conclusão foi baseada apenas em evidência de baixa qualidade. Pelo contrário, alongamentos e exercícios de McKenzie não mostraram diferenças em relação a grupos de controlo. Este estudo também refere que exercício pode ser mais eficaz que terapia manual.
A dor lombar crónica (DLC) representa 20% dos casos de DL mas é responsável por 80% dos custos diretos.
Apesar de estar estabelecido que tratamentos passivos devem ser evitados e que o exercício é eficaz na redução de dor em adultos, o efeito de modalidades específicas de exercício em indivíduos com DLC tem sido menos explorado.
Oitenta e nove estudos que envolveram 5578 pacientes foram incluídos na revisão, enquanto que a meta-análise em rede foi realizada em 70 (dor), 63 (função física), 16 (saúde mental) e 4 (força muscular do tronco) estudos. A qualidade dos estudos foi avaliada de acordo com os critérios GRADE.
No geral, intervenções de exercício progressivo, onde o paciente é orientado e o movimento é ativamente encorajado (Pilates, estabilização/controlo motor, treino resistido/aeróbico) foram as mais eficazes.
Contudo, devido à falta de medidas de desempenho, não foi possível estabelecer o efeito de diferentes modalidades de exercício na força e endurance do tronco e no uso de analgésicos. Adicionalmente, 78% dos estudos analisados mostrou ter um alto risco de pelo menos um tipo de viés, o que limita a força das conclusões.
De qualquer forma, esta revisão estabeleceu algumas formas de exercício eficazes e que o exercício é preferível à terapia manual na DLCNE.
Expert opinion
Os estudos incluídos nesta revisão mostraram ter alta heterogeneidade, o que não será completamente surpreendente dada a variabilidade de populações afetadas por DLNEC bem como de estudos e intervenções sobre este tópico.
Ainda assim, esta meta-análise em rede fornece informação valiosa. Uma vez mais, as conclusões direcionam-nos para tratamentos ativos e não para cuidados baseados no terapeuta e modalidades passivas.
Ainda que esta informação não ser nova, esta revisão traz alguma luz à questão relacionada com que tratamentos ativos devem ser evitados e mostra que as modalidades mais eficazes partilham o fato de encorajar a atividade, serem orientadas e progressivas.
Apesar de não ser o objetivo desta revisão, pode ser especulado que estas formas de exercício foram mais eficazes não só pelo melhoramento das qualidades físicas mas também pelo seu efeito na disposição dos pacientes e na sua auto-eficácia, que constituem fatores decisivos na DLC.
> A partir da: Owen et al., Br J Sports Med (2019) (Publ. antes do impresso). Todos os direitos reservados a: BMJ Publishing Group Ltd. Clique aqui para ver o resumo. Traduzido por José Pedro Correia.
