
Intervenções para a dor muscular de início retardado
Várias intervenções de fisioterapia têm um impacto positivo na dor muscular de início retardado (DMIR) comparado com a ausência de intervenção, entre outras: crioterapia, vibração, massagem, exercício ativo e compressão.
Contudo, deve ser tido em conta que uma grande parte dos ensaios clínicos que demonstram estas diferenças são de baixa qualidade. Para além disso, os parâmetros ideais para a aplicação destes tratamentos ainda têm de ser determinados.
Tem havido uma grande quantidade de estudos sobre as origens da DMIR, com fatores como a acumulação de lactato, dano tecidular e inflamação a serem apontados como estando envolvidos. A DMIR está associada a dor e limitações funcionais, tais como restrições da amplitude de movimento, rigidez e diminuição da força muscular. Tem havido também uma enorme quantidade de estudos sobre intervenções para reduzir a DMIR, o que leva a uma elevada heterogeneidade estre estudos.
Foi incluído um total de 121 estudos na análise quantitativa. A qualidade dos estudos foi avaliada segundo a escala PEDro (0-10). Por sua vez, a qualidade da evidência foi determinada através da escala GRADE. Todos os estudos incluídos eram ensaios clínicos randomizados que compararam intervenções de fisioterapia a nenhuma intervenção em indivíduos saudáveis com DMIR.
A pontuação PEDro média dos estudos incluídos foi 4.7 pontos; 63 estudos foram considerados como de baixa qualidade e apenas 16 estudos foram considerados como de alta qualidade.
Entre as intervenções que provocaram melhoramentos, a massagem teve o maior efeito de diminuição de dor. Entre os tratamentos físicos, a intervenção com o melhor efeito foi a fototerapia.
Pelo contrário, a revisão demonstrou que a acupuntura, kinesiotaping, massagem com rolos, alongamento e electroestimulação não diminuíram a DMIR significativamente.
Expert opinion
A DMIR é um problema extremamente prevalente em todos os níveis de atividade física recreativa e competitiva. Desta forma, tem sido o objeto de uma enorme quantidade de investigação sobre a melhor forma de a diminuir.
Contudo, esta quantidade de estudos não levou ao estabelecimento de um método estabelecido para tratar a DMIR. Isto pode dever-se a uma questão fundamental que afeta também outras condições musculoesqueléticas, que é a falta de mecanismos etiológicos devidamente fundamentados.
Sem uma base fisiológica definida na qual assentar as intervenções, é menos provável que o tratamento ótimo seja estabelecido. Assim, sobram efeitos incertos que se baseiam frequentemente em sensações subjetivas e tendências de popularidade em vez de em medidas objetivas de recuperação.
Seria provavelmente mais benéfico estabelecer a fisiologia por detrás da DMIR de uma forma mais sólida antes de continuar a prosseguir várias avenidas de investigação sobre intervenções para a DMIR.
> A partir da: Nahon et al., Phys Ther Sport 52 (2021) 1-12 (Publ. antes do impresso). Todos os direitos reservados a: Elsevier Ltd.. Clique aqui para ver o resumo. Traduzido por José Pedro Correia.
