
Papel da inflamação na tendinopatia
Na literatura recente, especialmente nos últimos 3-6 anos, há um suporte crescente para a presença de um componente inflamatório na tendinopatia, à medida que definições mais robustas de inflamação começaram a ser utilizadas.
Se isto continuar a ser confirmado, então os mecanismos de patologia dos tendões e opções terapêuticas podem ser estudados e testados com maior objetividade. Além disso, novas medidas preventivas podem ser tomadas para limitar a progressão e tendinopatia.
Historicamente, houve mudanças teóricas no papel da inflamação na tendinopatia. Estudos anteriores defenderam a presença de um componente inflamatório na patologia não aguda dos tendões doentes; mais tarde, o fracasso da terapia antiinflamatória e dos dados histológicos causou uma mudança em direção a um mecanismo degenerativo para a tendinopatia.
Um total de 113 estudos foram incluídos nesta revisão. Os estudos foram classificados de acordo com suas conclusões sobre se havia um mecanismo multifatorial, degenerativo, inflamatório ou outro mecanismo importante de tendinopatia.
A adoção ou rejeição de um componente inflamatório à tendinopatia mostrou-se fortemente associada à definição utilizada. Estudos que apenas analisaram a presença de neutrófilos foram significativamente mais propensos a rejeitar uma causa inflamatória, enquanto estudos recentes analisando uma maior variedade de tipos de células e moléculas de sinalização tenderam a defender o papel da inflamação na tendinopatia.
Considerar meramente uma patogênese degenerativa com base em análises limitadas pode ser uma simplificação excessiva da patogênese dos tendões, que parece ser caracterizada por uma multiplicidade de fatores como envelhecimento, uso excessivo, genética e também inflamação. Essa simplificação excessiva também pode negligenciar as diferenças entre inflamação aguda e crônica.
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Expert opinion by José Pedro Correia
Esta é uma revisão muito interessante não apenas em termos de suas descobertas, mas também por nos mostrar como as evidências de qualidade levam a mudanças nas teorias predominantes ao longo do tempo. Como este é um artigo de acesso aberto, uma leitura detalhada é altamente recomendada.
O fato de que a evidência mais robusta e recente indica que o papel da inflamação na tendinopatia não deve ser descartado, deve alertar todos os envolvidos no manejo dessas condições para direcionar sua avaliação e tratamento de acordo. As estratégias de prevenção e monitoramento também devem ser influenciadas por esta última mudança.
> A partir da: Mosca et al., BMJ Open Sport Exerc Med 4 (2018) e000332 (Publ. antes do impresso). Todos os direitos reservados a: BMJ Publishing Group Ltd. Clique aqui para ver o resumo. Traduzido por Raphael Vianna.
