
História natural da capsulite adesiva: fato ou ficção?
Esta revisão encontrou falta de evidências para apoiar a noção em longo prazo de que a capsulite adesiva é uma condição auto-limitante com estágios de progressão identificáveis (fases de dor, enrijecimento e de recuperação) e de completa resolução dos sintomas, mesmo sem tratamento. O tempo proposto para essa progressão – ganhos demorados no início e rápidos no fim – também não dispôs de evidencias sustentáveis.
O conceito de longa data de que a capsulite adesiva é uma condição auto-limitante de progressão natural para resolução completa de sintomas, baseia-se em grande parte em dois estudos de 1970, com sérios problemas de metodologia e interpretação duvidosa. No entanto, este conceito tem sido perpetuado desde então por vários autores e textos ortopédicos.
Após uma pesquisa na base de dados, seleção de estudo e avaliação de qualidade, esta revisão encontrou 7 estudos de baixa/moderada qualidade, envolvendo pacientes com capsulite adesiva, que não foram submetidos a tratamento e relataram níveis de dor, amplitude de movimento (ADM) e função.
Não houve evidências além de estudos de baixo nível para sustentar a história natural da capsulite adesiva. Além disso, estudos de maior qualidade fornecem evidências do oposto. Nenhum estudo longitudinal encontrou progressão das fases dolorosas, enrijecidas e de recuperação/descongelamento. A melhor evidência disponível também descobriu que os maiores ganhos de ADM e função ocorrem no início da progressão da doença, contradizendo a proposta clássica da história natural da capsulite adesiva. A referência desta progressão natural pelos profissionais de saúde e a divulgação desta informação ao público devem ser desencorajadas.
> A partir da: Wong et al., Physiother 103 (2017) 40-47(Publ. antes do impresso). Todos os direitos reservados a Elsevier B.V.. Clique aqui para ver o resumo. Traduzido por Patricia Maria Soares de Oliveira.
