
Hora de parar testes “especiais” de dores relacionadas ao MR
Este artigo de “ponto de vista” tem três conclusões principais:
- Os "testes especiais" do ombro não são capazes de discriminar qual estrutura causa dor no ombro relacionada ao manguito rotador;
- Essa falta de capacidade de diagnóstico significa que não é aceitável recomendar intervenções cirúrgicas / conservadoras para uma estrutura específica com base nos resultados de "testes especiais";
- A decisão de entrar ou sair do DORMR (Dor no ombro relacionada ao manguito rotador) pode ser feita através de uma entrevista abrangente (que inclui perguntas sobre padrões de carga, crenças do paciente e fatores do estilo de vida) e exame físico (que inclui a exclusão da dor referida, amplitude de movimento ativa e passiva, força e respostas à carga).
Existem mais de setenta testes "especiais" para o ombro. A validade de um teste é geralmente comparada com um método padrão-ouro estabelecido. No entanto, a relação entre os achados de imagem do ombro (frequentemente usados como esse padrão-ouro) e os sintomas é baixa. Por exemplo, um estudo de pessoas com dor unilateral no ombro mostrou que tanto o lado afetado quanto o não afetado tiveram um número semelhante de achados de imagem.
Além disso, deve-se também reconhecer que, por exemplo, oito e nove músculos diferentes do supra espinhal estão ativos durante os testes de lata cheia e vazia, respectivamente. A estreita inter-relação de múltiplas estruturas (tendões, cápsulas, bursas) e os produtos inflamatórios acumulados significam que esses testes são apenas irritantes para os tecidos sensíveis.
Os "testes especiais" do ombro devem, portanto, ser deixados de fora do manejo adequado de um paciente com suspeita de dor no ombro relacionada ao manguito rotador, portanto, deve incluir uma entrevista abrangente, triagem de “red flags”, questionários de incapacidade, exame físico, fornecer orientação e aconselhamento ao paciente e, se tratamento conservador é escolhido, o cuidado deve ser realizado com base na avaliação da atividade e função físicas, e não na em exames de imagem.
Expert opinion
Esse ponto de vista envia uma mensagem clara - os "testes especiais" do ombro não oferecem nenhum benefício e podem desencaminhar o processo de tomada de decisão clínica para pacientes com dor no ombro relacionada ao manguito rotador, atrasando os cuidados adequados.
Isso também traz a questão: por que existem tantos e por que são tão amplamente usados? Como mencionado pelos autores, vários fatores podem estar em jogo. Primeiro, a noção de que um culpado específico dos sintomas pode ser rapidamente identificado no cenário clínico é reconfortante. Segundo, há o fator "sempre fizemos dessa maneira". Muitos praticantes são resistentes à mudança quando têm os mesmos padrões de prática há tanto tempo. Por outro lado, esses testes ainda são ministrados rotineiramente na graduação, o que significa que os fisioterapeutas mais jovens podem não ter outras ferramentas para gerenciar esses casos.
Isso significa que, apesar da falta de utilidade, essa mudança pode levar tempo para romper essas barreiras e alcançar uma prática clínica generalizada. Cabe a cada um de nós garantir que essa alteração seja o mais rápida possível.
> A partir da: Salamh et al., J Orthop Sport Phys Ther 50 (2020) 222-225 (Publ. antes do impresso). Todos os direitos reservados a: Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy. Clique aqui para ver o resumo. Traduzido por Lucas V. Lima.
