
Validade dos instrumentos que avaliam a função escapular
As evidências atuais não são suficientes para recomendar qualquer um dos 31 instrumentos de medição relacionados à postura, movimento e discinesia escapular.
A qualidade da evidência para a validade de critério das medidas de protração / retração escapular e rotação até 120 graus é suficiente, mas a de postura escapular, amplitude de movimento e deslizamento lateral é insuficiente.
Outras medições mostraram qualidade de evidência ainda mais baixa. As medições da discinesia escapular eram especialmente sujeitas a interpretações erradas.
Mudanças na postura escapular e nos padrões de movimento têm sido tradicionalmente associadas ao desenvolvimento e persistência de queixas no ombro e, portanto, geralmente fazem parte da avaliação clínica do ombro.
No entanto, a relevância dessas mudanças e a eficácia comparativa dos programas, incluindo a reabilitação específica da escápula, tem sido questionada.
Foi realizada uma revisão sistemática que incluiu 14 estudos que avaliaram pelo menos uma medida escapular. A qualidade do estudo foi avaliada usando a lista de verificação COSMIN e a qualidade da evidência foi determinada para cada medição.
A relação entre disfunção dos movimentos escapulares e queixas de ombro não é adequadamente estabelecida pelos métodos de mensuração atuais, o que leva à falta de recomendação das medidas analisadas.
Mais pesquisas ainda são necessárias para estabelecer uma estrutura para a interpretação das mudanças no movimento escapular e na postura e sua relevância para as queixas do ombro. Dada a falta de estudos de validade, nem todas as medidas relacionadas à escápula puderam ser avaliadas por esta revisão.
Expert opinion
Esta revisão sistemática aborda outro conceito mal definido como o de “discinesia escapular” e aponta para seu baixo valor clínico da forma como é implementado atualmente.
Isso provavelmente pode ser esperado, dada a natureza multifatorial das várias condições relacionadas ao ombro (especialmente se forem de longa data) e a influência variável da escápula sobre essas queixas significa que será difícil para tais medidas ter validade global em amostras heterogêneas.
Os resultados nos garantem ter cuidado ao considerar o valor clínico dessas medições e considerar as características individuais de cada paciente e a contribuição potencial de diferentes fatores.
> A partir da: D'hondt et al., J Orthop Sport Phys Ther 50 (2020) 632-641. Todos os direitos reservados a: Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy. Clique aqui para ver o resumo. Traduzido por Raphael Vianna.